Setembro Amarelo
Chamamos uma psicóloga para conversamos sobre suicídio e buscarmos entender qual nosso papel não só no mês de Setembro.
A campanha Setembro Amarelo joga muita luz em torno da prevenção ao suicídio e a valorização a vida. Contudo, muitas vezes na ânsia de ajudar acabamos cometendo erros que podem prejudicar mais do que ajudar. Sendo assim, nós da Optive resolvemos abrir esses espaço para uma discussão aberta e informativa sobre o tópico! Para isso convidamos a psicóloga Brenda Gomes para um bate papo, no qual ela esclareceu diversas dúvidas acerca desse tema.
Brenda Gomes, psicóloga com foco em Terapia Cognitiva Comportamental
#paratodosverem: na imagem Brenda está apoiada de costas em uma parede branca, de óculos de grau, terninho laranja, braços cruzados e sorrindo.
O que fazer quando perceber que alguém está tendo ideações suicidas?
O mais importante quando você perceber que uma pessoa está tendo pensamentos/ideações suicidas é acolhe-la e logo em seguida informar aos seus familiares para que procurem ajuda profissional.
Somente pessoas com depressão tem pensamentos suicidas?
Não. Pessoas com depressão podem ter pensamentos suicidas ou não, pois a depressão tem graus, seja leve, moderada ou grave. Os pensamentos podem surgir por diversas questões, mas nunca será apenas por uma causalidade, eles surgem por fatores ambientais, transtornos psicológicos e fatores sociais.
O suicídio pode ser trabalho de forma preventiva?
Sim. O comportamento suicida pode ser prevenido. É necessário criar programas interdisciplinar e educativos, começando no posto de saúde dos bairros até à família. Infelizmente sabemos que hoje existem vários programas, porém eles são mais ativos apenas no mês de setembro. Acredito que o erro começa aí, só lembramos do suicídio quando acontece próximo de nós ou quando chega setembro.
Uma pessoa que tentou o suicídio tem chances de futuramente tentar outra vezes, mesmo já tendo feito terapia?
Sim. Por isto o trabalho do psicólogo, psiquiatra e a família é fundamental para que não ocorram recaídas.
Como manejar o desejo e evitar o ato do suicídio?
O mais importante é você entender que sua ajuda sempre será necessária, mas precisará de um profissional para te ajudar a ser suporte de alguém que tenha desejo suicida. É necessário o profissional revalorizar a história de vida da pessoa e o apoio familiar ou grupo de amigos atuando como suporte. O uso de medicamento associado a terapia será o melhor manejo juntamente com esse suporte.
Existem características que possamos observar em uma pessoa que nos ajude a ajudá-la?
Podemos ficar atentos ao isolamento, mudanças de hábitos, perda de interesse por atividades que gostava de fazer, aparência descuidada, queda do desempenho escolar ou do trabalho, frases como “Preferia estar morto” ou “quero sumir para sempre”.
Pensando da rede de apoio, o que ajuda e o que atrapalha uma pessoa com pensamentos suicidas?
Ajuda: Ouvir, não julgar, entender que cada pessoa sente a dor e vê as situações de um jeito singular, tentar ajudar a pessoa a fazer coisas que gosta, mostrando para ela como existem outros caminhos.
Atrapalha: Julgar a dor e o momento do outro, achar que é frescura, comparar o outro com alguém que esteja passando por uma situação difícil.
Existe uma faixa etária mais propensa a comportamento suicida?
Antes se falava mais sobre o número maior ser de pessoas acima de 50 anos, hoje o número com maior faixa etária é entre 15 a 29 anos.
As taxas de suicídio tem aumentado nos últimos anos, existe uma explicação para isso?
Sim, infelizmente o número só cresce. A explicação maior é que ao longo do nosso crescimento não somos preparados para passar por momentos difíceis. Hoje a sociedade tem cobrado muito das pessoas e não conseguir passar por algumas situações faz com que pensamentos ruins ganhem espaço e podendo levar ao extremo dos pensamentos suicidas.
Houve um aumento das taxas de suicídio na pandemia? Se sim, o que explica isso?
Houve um aumento de 15% desde 2020. A pandemia fez com que o adoecimento mental aumentasse ou ocorressem recaídas. Pessoas perderam familiares, ficaram isoladas em suas casas e os pensamentos ruins tomaram conta, trazendo dificuldades de lidar com tudo que estavam passando.
Como você acha que a sociedade pode contribuir para que esses números caiam?
Políticas públicas de qualidade. Desmistificar a psicologia e falar da importância da saúde mental como um direito de todos e não das pessoas com maior poder aquisitivo.
Como você tem visto a pandemia e a saúde mental?
A pandemia veio e trouxe muitas dores, mas ela também veio para mostrar como precisamos cuidar da nossa saúde mental. Como vivemos no automático e esquecemos de cultivas pequenos momentos. Vivemos numa sociedade que nos obriga a ser produtivos o tempo inteiro e a pandemia veio para nos mostrar que estamos esquecendo de viver e aproveitar os momentos e de respeitar nossos limites. Costumo dizer que ela veio ensinar o que nós esquecemos, que é cuidar de nós mesmos e saímos do automático.
Quem procurar em Belo Horizonte e região?
Em BH existe o CERSAM que é um centro de referência a saúde mental e nas regionais existem os CAPS que são centros de atenção psicossocial. Fora isto, existem os postos de saúde que tenham atendimentos psiquiátricos e psicológicos.
Se você gostou do nosso bate papo e quer conversar mais com a Brenda, vocês podem entrar em contato com a Brenda pelo seu instagram: @psi.brendagomes!!
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