Mulheres na Mineração
Atualmente o movimento "Lugar de mulher é onde ela quiser" vem tomando cada vez mais força dando voz para mulheres que trabalham em setores majoritariamente masculinos. Como será que é na mineração?
O mercado minerário ainda é marcado por uma grande desigualdade entre o número de mulheres e homens empregados no setor. Ao fazer uma análise é bastante perceptível que o quadro de funcionários da maioria das empresas, tanto das pequenas quanto das grandes, apresenta uma enorme disparidade entre os sexos, fato comprovado por números. Segundo o IBRAM, a participação de mulheres no setor mineral é de apenas 13%, sendo que nos demais mercados é de 44%. Contudo, essa falta de equidade pode estar afetando diretamente o dia a dia desses empreendimentos, já que de acordo com a McKinsey, setores que não investem em diversidade de gênero perdem no quesito lucratividade quando a criação de valor.
Essa disparidade já é percebida no contexto acadêmico, no qual as turmas de cursos técnicos de graduação apresentam, na maioria das vezes, mais homens que mulheres. A turma de 2014 de Engenharia de Minas da UFMG é um exemplo disso, dos 30 alunos que ingressaram, apenas 11 eram mulheres sendo considerado um recorde na época. Por ser um setor muito associado a trabalhos em regiões afastadas das grandes cidades, existe uma forte conotação de que mulheres não se encaixariam nesse perfil: morar em locais sem grande estrutura – muitas vezes -, trabalhar em meio a máquinas pesadas, em locais insalubres, viajar muito e com dificuldades de comunicação. Além disso, a sociedade associa a mulher a figura materna que constituirá família e existe um pensamento geral que mulheres que escolhem trabalhar com mineração não conseguiriam assumir os dois papéis. Contudo, tais pensamentos são arcaicos, não condizem com a realidade em que vivemos e só colaboram para diminuir o interesse de meninas em seguir carreira na área de mineração.
“Na minha trajetória sempre tive que provar um pouco mais. No mercado, a mulher nem sempre é reconhecida pelo potencial, mas pelo que faz. Esse é o grande desafio. Mas as coisas vêm mudando” - Karina Rapucci, gerente executiva de Operações do Complexo Vargem Grande da Vale.
O ponto positivo é que as empresas vêm se atentando a esse fato e têm buscado alternativas para incentivar a equidade de gênero dentro delas, alguns deles são:
Mineração por Elas: A Vale lançou uma web série voltada para o aumento de mulheres no mercado mineral, apresentando o dia a dia de mulheres que atuam na empresa. O intuito é mostrar que existe espaço para mulheres em todas as áreas, sejam elas técnicas, operacionais ou gestão. Com essa iniciativa a empresa pretende dobrar a representatividade feminina e tornar o espaço um lugar no qual elas se sintam representadas.
Women in Mining Brasil (WIMBrasil): é uma ferramenta estratégica para as empresas, fornecedores e organizações atuantes no setor. Seu principal objetivo é implementar práticas para aumentar a participação das mulheres em ações e criar ambiente inclusivo.
Women in Mining do Reino Unido: promoveu a edição 2020 das 100 Mulheres Inspiradoras Globais na Mineração. As profissionais destacadas nesta edição foram selecionadas devido à sua contribuição inspiradora para uma mineração mais forte, sustentável e segura.
Por fim, para inspirar novas meninas e mulheres a participarem do mercado da mineração, trouxemos três inspirações de mulheres que fizeram e fazem a diferença nesse setor
Emily Hahn
Graças a Emily as mulheres tiveram espaço na mineração. Inicialmente ela estudava artes na “University of Wisconsin Madison” e ouviu de um professor que “a mente feminina é incapaz de lidar com princípios da mecânica, da alta matemática ou qualquer fundamento do ensino de mineração”. Então ela decidiu mudar de curso e se tornou a primeira mulher a ingressar em um curso de Engenharia de Minas, se formar e atuar na área em mais de um país.
Tracy Xie
Atualmente é a presidente da Vale na China e já possui 16 anos na empresa. Ela passou por diversos cargos e hoje ocupa o cargo mais alto dentro na Vale na China.
“Não sou a primeira nem a única mulher em nossa empresa a ocupar uma posição de liderança. O que aprendi ao longo do tempo é que você precisa ter confiança no valor que gera. Promover pessoas com base em alto desempenho e meritocracia é essencial para alcançar o nível desejado de diversidade.”
Renata Costa Zingre
Hoje com 22 anos de Vale, ela ocupa o cargo de presidente do Conselho de Administração da Vale Internacional. Entrou na Vale como trainee em 1998, no Brasil, e afirma que dificilmente encontrava colegas do sexo feminino nas empresas, mas que vê que isso vem mudando nos últimos anos.
“Entre os principais desafios pela frente estão alcançar a igualdade total, não apenas em gênero, mas em termos de inclusão em geral, sem rótulos. Penso que empoderamento feminino nas empresas deve incluir uma discussão sobre o papel dos homens também (ou parceiros), especialmente quando filhos entram em cena. Quando os gestores incentivam um tratamento igualitário de responsabilidades, as possibilidades de inclusão efetiva se ampliam.”
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